A mulher Samaritana

Jesus respondeu: “Quem beber desta água terá sede outra vez, mas quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Pelo contrário, a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna” (João 4:13,14) 

Introdução: No contexto, Jesus se encontrou com a mulher samaritana junto ao poço de Jacó, quando estava passando pela região de Samaria. Era meio-dia e os discípulos de Jesus tinham ido à cidade para comprar comida. A mulher samaritana veio para tirar água do poço e Jesus lhe pediu um pouco de água. Pedir água àquela mulher fazia parte de uma estratégia evangelística para alcançar o coração da mulher samaritana. Notamos que Jesus conduzia a conversa, utilizando-Se, primeiramente, de Sua sede física para chegar à sede espiritual daquela mulher.

Proposito: O encontro de Jesus com a mulher samaritana, registrada apenas no Evangelho de João, é reveladora, cheia de muitas verdades e lições poderosas para os dias de hoje. Nesse estudo quero abordar e mostrar três pontos importantes:

·         É possível oferecer a Deus uma adoração sincera, verdadeira e espiritual;

·         Todos são alcançados pela graça de Deus quando há um arrependimento genuíno;

·         A transformação de Deus é levar exclusivamente para influenciar pessoas.

 

1.    A origem dos Samaritanos

“Quando o Senhor ficou sabendo disso, saiu da Judéia e voltou uma vez mais à Galiléia. Era-lhe necessário passar por Samaria…” (João 4:3,4)

Para entender melhor esse diálogo com a mulher samaritana, é preciso entender o contexto da história dos samaritanos. No tempo do rei Davi, o reino era unificado, ou seja, um reino que reunia as doze tribos de Israel. Após a morte do rei Salomão, a nação de Israel foi dividida em dois reinos (Reino do Norte de Israel com capital em Samaria e o Reino do Sul de Judá com capital em Jerusalém). Entretanto, a nação de Israel foi marcada por governantes que foram maus perante o Senhor.

A.   Por causa dos seus pecados, Israel foi sitiada e destruída pelas tropas assírias e, posteriormente, seus moradores foram transportados para a Assíria (2 Reis 17.3-6). Somente os pobres puderam ficar em Israel (Jeremias 39.10). Logo, vieram também estrangeiros e se estabeleceram na região devastada em Israel. Com a população que havia ficado, surgiu uma nova raça denominada de samaritanos, na qual deriva do nome da cidade de Samaria. Os novos habitantes trouxeram para Samaria seus próprios costumes e tradições.

B.   Quando uma parte dos judeus voltou à terra de Jerusalém em 586 a.C. Os samaritanos queriam ajudar na construção do templo, porém os judeus rejeitaram sua ajuda. Ao receberem essa rejeição, os samaritanos passaram a odiar os judeus. Logo começaram a construir seu próprio templo no monte Gerizim. Para os samaritanos, o Monte Gerizim era o autêntico local de adoração instituído por Deus, e não o monte Sião em Jerusalém.

C.     Por causa desse conflito, as estradas de Samaria eram arriscadas e perigosas, por isso que os judeus evitava passar pela cidade de Samaria. A rota mais curta entre a Judeia e a Galileia era através de Samaria. E, muitos judeus que iam da Judeia para a Galileia, se encaminharam pelo lado leste passando pelo Jordão até a Galileia, ou seja, um caminho mais longo a ser percorrido. Entretanto, o fim da separação entre os judeus e samaritanos em particular, estava, de certa forma, com os dias contados (Gálatas 3.28).

 

2. Mulher Samaritana: Fonte de águas

Jesus lhe respondeu: “Se você conhecesse o dom de Deus e quem lhe está pedindo água, você lhe teria pedido e ele lhe teria dado água viva”. (João 4:10)

Quando Jesus decidiu passar por Samaria, não era apenas cortar caminho para chegar na Galileia mais rápido, mas cumprir um proposito e uma missão de resgatar uma mulher que era carente da graça de Deus. Ao chegar ao poço de água, Jesus pede um pouco de água a mulher samaritana. Conhecendo a tradição discriminatória, a mulher ficou perplexa com o pedido de Jesus, pois havia uma desigualdade muito grande um homem conversar com uma mulher, entre samaritano se relacionar com um judeu. Com uma simples petição, Jesus estava quebrando o preconceito religioso e racial.

A.      Além disso, a mulher não consegue entender e compreender esse mundo espiritual que Jesus se referia sobre a fonte de águas. Para mulher, essa fonte de águas era apenas algo físico. O que descobrimos que Jesus não está falando de água comum, mas de uma fonte que nos leva para vida eterna. Uma fonte que o mundo e os prazeres dessa vida não poderia oferecer.

B.      Na realidade, Jesus apelava por um anseio e um desejo por saciedade da alma, uma satisfação completa e plena em Deus. Aliás, todo ser humano possui um grande vazio que não pode ser preenchido a não ser pela presença de Deus. As coisas dessa vida não satisfazem a alma, seja o dinheiro, sucesso, prazeres, fama, conquista, medalhas ou diplomas. Tudo isso não preenche o vazio da alma.

C.      Talvez você esteja vivendo um tempo de frustração justamente porque tem buscado a satisfação das necessidades do seu coração em coisas fúteis e que perecem. Jesus tem satisfação completa para as necessidades da sua alma.  Assim como o povo de Israel que abandonam a fonte de aguas: “Eles me abandonaram, a fonte de água viva; e cavaram as suas próprias cisternas rachadas que não retêm água. ” (Jeremias 2.13)

D.     Aquilo que o povo de Israel achava que é deposito de agua, não passava de reservatório furado. O trabalho, sacrifício, rituais e cerimonias não atingia propósitos algum. Pode até ter uma cisterna bonita e adornada ou aparência de qualidade, mas se tiver rachaduras, água nenhuma pode ficar.

E.      As aguas do Espirito não vem de um lago, reservatório, poço ou cisterna, mas vem de uma fonte eterna que jorra água, isto é, algo que traz vida, restauração e cura para todos aqueles que o buscam. Uma fonte que jorra água cristalina e saudável, que tem o poder de abastecer a sua fé, irriga as suas forças e sacia a sua alma aflita e angustiada: “Pois em ti está a fonte da vida … Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva” (Sl 36.9; João 7:38)

F.      Logo, percebe que uma fonte de água tem a capacidade de se renovar. Uma agua diferente a cada manhã. Uma fonte diária, permanente e abundante. Uma capacidade de viver a cada dia uma experiência nova com Ele. A cada dia experimentar e romper o sobrenatural. O próprio Jesus usou analogia e uma figura que ele é a fonte inesgotável da sua insuficiência: “Se beber da agua que eu lhe der, jamais terá sede…” (João 4.13)

G.     Nunca se esqueça, que, quando estamos ocupados demais para orar ou quando substituímos o reino por outras alternativas, revela com clareza, a profundidade do nosso desinteresse e da nossa insuficiência da presença de Deus. Se você se afastou da fonte, se você tentou construir cisternas, então se arrepende e busque de novo dessa Fonte inesgotável. Avalie e organize a sua vida em relação no seu relacionamento com Deus. Descida buscar a partir de hoje dessa fonte que tem o poder de saciar a sua sede espiritual.

 

3. Mulher samaritana: Vai buscar o seu marido…. 

A mulher lhe disse: “Senhor, dê-me dessa água, para que eu não tenha mais sede, nem precise voltar aqui para tirar água”.  Ele lhe disse: “Vá, chame o seu marido e volte”. (João 4:15,16)

No diálogo, parece que há uma mudança radical em relação a fonte de águas e ao mencionar o marido. Há, contudo, uma conexão estreita entre o pedido da mulher e a ordem de Jesus em chamar o marido. Antes de oferecer a fonte de águas, Jesus precisava tratar algumas áreas sensíveis da vida daquela mulher. Na realidade, Jesus expõe seu pecado da mulher samaritana para preparar o coração para aquilo que ela iria receber.

A.      A menção de Jesus sobre seu marido foi a melhor maneira de lembrá-la de sua vida imoral, despertar um senso de pecado e provocar a necessidade de arrependimento. Jesus mostrou que, antes de beber a água da vida, ela precisava ter convicção e consciência do seu pecado e passar pelo arrependimento. A vida imoral daquela mulher era reprovável, porém, havia nela uma alma necessitada e carente de compaixão. Em vez de condenar a mulher samaritana por seus relacionamentos errados, Jesus lhe mostrou o caminho de restauração. Mesmo porque, Jesus não estava preocupado com aquilo que ela fez, mas com aquilo que ela iria se tornar.

B.      A mulher já sofria de cinco casamentos fracassados e o sexto homem não era dela, ou seja, estava vivendo em adultério. Posso imaginar que cada separação causava um sentimento de culpa e remorso. As separações e traições deixava cada vez mais desiludida e infeliz.  Uma busca frenética por validação externa para ser feliz, ou seja, ela depositava sua expectativa da felicidade nos outros. Em outras palavras, as pessoas que supria suas carências, que definia como pessoa e que resolvia suas inseguranças e angustias. A mulher estava buscando a felicidade, satisfação e prazer e realização no poço errado.  Uma felicidade condicionada em pessoas.

C.      E você, tem consciência do seu pecado? É necessário um reconhecimento que o pecado é abominável aos olhos de Deus e não há alternativas a não ser pelo arrependimento. Hoje Deus está aqui para expor suas feridas, trata-las e cura-las. Ele conhece seus segredos ocultos que ninguém sabe. Mesmo porque, Deus não abre mão da verdade, daquilo que justo e puro. Saiba que antes de Jesus revelar sua fonte de aguas, é preciso Deus revelar que fonte você esta produzindo nele.

 

4. O Verdadeiro adorador

No entanto, está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura. (João 4:23)

Ao revelar o passado da mulher samaritana, ela ficou constrangida, e aproveitando a capacidade profética de Jesus, a mulher tentou mudar de assunto ao perguntar qual era o lugar certo para adorar a Deus.  Segundo a tradição samaritana, conheciam o monte Gerizim como o lugar sagrado. Os judeus, por sua vez, acreditavam que o monte Sião de Jerusalém era o único lugar de adoração. Implicitamente, a samaritana estava perguntando: “Quem está certo?”.

A.      Então Jesus faz uma de suas declarações extraordinária de genuína adoração. A partir do novo testamento, o foco da adoração não estava mais preso a um lugar físico, mas uma adoração que se expressa em um âmbito espiritual, onde seremos o próprio santuário de adoração, pois somos sua morada, sua habitação. Adoração está intimamente ligada ao relacionamento íntimo com Deus e que nos faz ter uma aproximação mais profunda com Deus. Logo, a nossa adoração tem que vir de dentro para fora. É uma atitude do coração. Um sentimento da alma que afeta o seu estilo de vida, ou seja, abrangendo todo aspecto da vida.

B.      Que Deus nos ajude a oferecermos a Ele a adoração que Lhe é devida. Uma adoração genuína naquilo que afirmamos, uma sinceridade daquilo que dizermos e uma transparência daquilo que vivemos. Uma adoração que possa render tal honra a Deus ao ponto que tudo o coração participa do ato de adoração. Onde existe uma harmonia de propósito e sentimento entre o coração, alma e espírito.

C.     O próprio Jesus confronta os judeus religiosos: ”Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Em vão me adoram” (Mateus 15.8). Os religiosos tinham uma adoração vazia sem o coração presente. Sua vida precisa ser um ato de adoração. Uma adoração que seja de maneira espontânea e sincera na presença de Deus. Quando houver pontos obscuros de pecados, reservas nas suas renúncias e religiosidade a sua adoração será defeituosa e sem importância aos olhos de Deus.

 

5. Transformação da Samaritana 

Muitos samaritanos daquela cidade creram nele por causa do seguinte testemunho dado pela mulher: “Ele me disse tudo o que tenho feito (João 4:39)

Naquele momento, os discípulos ficaram surpresos por Jesus conversar com uma samaritana. A mulher deixou suas vasilhas e correu de volta para convidar todo povo ver Jesus. Então as pessoas saíram do povoado para vê-lo. Os discípulos insistiam que Jesus comesse alguma coisa, porém Jesus afirmou que seu alimento era fazer a vontade de Deus. Em seguida, muitos samaritanos foram ao encontro de Jesus e afirmou aos discípulos que a o campo está pronto para colheita.

A.      Observe que a mulher samaritana não se conformou em apenas ter tido uma experiência real com Jesus, mas testemunhou para toda a cidade a respeito dele. Ela não usou um discurso eloquente para convencer o povo sobre Jesus, apenas contou sua experiência e os convidou a conhecer Jesus. Um encontro que fez toda diferença na vida de uma mulher que repercutiu em toda Samaria.

B.      Saiba que temos duas escolhas na vida: viver as próprias experiências ou viver contando experiências dos outros. A cultura do Reino de Deus deve incluir as manifestações sobrenaturais em nossa vida. Ele mesmo disse que faríamos o que Ele fez e obras ainda maiores, pois Deus nos criou para o profundo, para as alturas, para fora do comum e para o anormal. (João 14.12; Mateus 14.28). Lembre-se disso, as experiências sobrenaturais da bíblia foi apenas um legado e uma inspiração para nos incentivar a viver nessa geração e não para sermos contadores de histórias.

C.      Observe que Jesus revelou pouco a pouco quem de fato Ele era. Primeiro ela viu Jesus como um simples judeu, depois um profeta e, por último, o Messias. Uma revelação gradual que foi desenvolvida através do diálogo. Hoje Deus quer ter um encontro particular com cada um de nós através de um relacionamento profundo e duradouro.

D.     Aqui vemos o poder de um testemunho que pode transformar uma sociedade inteira, na qual vemos uma mulher outrora desprezada por todos, sendo usada poderosamente por Cristo para influenciar. Quanto temos um encontro verdadeiro com Cristo, teremos pressa em compartilhar essa experiência com todos, porque um coração alcançado por Deus coisas extraordinárias acontece.

 

Conclusão

 

No relato bíblico, Jesus ficou mais dois dias na cidade de Samaria. O amor de Jesus era tão grande pelos samaritanos que após sua ressurreição, o Senhor Jesus comissionou seus seguidores a anunciarem o  Evangelho inclusive entre os samaritanos (Atos 1:8). O próprio Deus tem um plano lindo e extraordinário para cada um de nós, mas por estarmos preso pelas coisas dessa vida, essas bençãos estão paralisadas e retidas. Há o que seria de nós se Deus não nos visitasse, como afirma em Salmos 113.7: “Ele ergue do pó o desvalido, e do monturo, o necessitado.”

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